GEOGRAFIA – Área: 903.357,9 km². Relevo: planalto e chapadas no centro, planície com pântanos a oeste e depressões e planaltos residuais a norte. Ponto mais elevado: serra Manto Cristo (1.118 m). Rios principais: Araguaia, Cuiabá, das Mortes, Juruena, Paraguai, São Lourenço, Teles Pires, Xingu. Vegetação: cerrado na metade leste, floresta Amazônica a noroeste, pantanal a oeste. Clima: tropical. Municípios mais populosos: Cuiabá (630.600), Várzea Grande (311.600), Rondonópolis (182.820), Sinop (115.700), Cáceres (87.708), Tangará da Serra (76.191), Barra do Garças (58.390), Primavera do Leste (56.800), Alta Floresta (51.190), Sorriso (48.080) (2012). Hora local: -1h. Habitante: mato-grossense.
POPULAÇÃO – 3.108.620 (est. 2012).
CAPITAL – Cuiabá. Habitante: cuiabano ou papa-peixe. População: 524.666 (est. 2012).
O terceiro maior estado do país em área, Mato Grosso (MT) apresenta a menor densidade demográfica da região Centro-Oeste. Apoiado na agricultura e na pecuária, praticadas sobretudo em grandes propriedades, o estado torna-se importante pólo de migrantes na década de 1990. Os rios e a pesca fazem parte do cotidiano do mato-grossense. Os peixes mais comuns são o pacu e a piraputanga. Entre os peixes de couro, destaca-se o pintado, com o qual é feita a mojica, uma das receitas mais populares da região. O acompanhamento mais usual para os peixes é a banana-da-terra ao natural, que é servida também com carne-seca. O estado apresenta relevo pouco acidentado e alterna um conjunto de grandes chapadas, no planalto Mato-Grossense, com altitudes entre 400 e 800 metros, e áreas de planície pantaneira, sempre inundadas pelo rio Paraguai e seus afluentes. No norte fica o Parque Nacional do Xingu, banhado pelos rios Araguaia e Xingu. Ali vivem tribos indígenas que preservam a tradição do Quarup, festa anual realizada em homenagem aos mortos.
Meio ambiente – Mato Grosso registra em 2002, pelo segundo ano consecutivo, queda na taxa de derrubada da mata. Ainda assim, segundo dados da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Fema), o estado desmatou, em média, 1 milhão de hectares ao ano na última década, principalmente em razão do avanço das atividades agropecuárias. Desde 1990, a área de cultivo de soja em Mato Grosso aumenta 400%. O desmatamento para a abertura de novas fronteiras agrícolas preocupa os ambientalistas. O Pantanal cobre 10% da área do estado e o cerrado ocupa 40%, enquanto a floresta Amazônica se estende ao norte por metade do território mato-grossense. Em 2001, o Pantanal-Mato-Grossense recebe da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) o título de patrimônio natural da humanidade.
Economia – Mato Grosso é o estado que registra o maior crescimento econômico entre 1985 e 2011, principalmente em razão da força de sua agricultura. Mesmo o setor de serviços, que representa 51,8% do Produto Interno Bruto (PIB) estadual, gira em torno da agropecuária. Maior produtor de soja do país, colhe anualmente 26,5 milhões de toneladas do grão, que é o principal item de exportação mato-grossense. A cidade de Sorriso possui a maior área plantada de soja do mundo, com 720 mil hectares. Líder nacional também de algodão, sua colheita chega a 3,7 milhões de toneladas por ano e tem o município de Rondonópolis como pólo principal. Mato Grosso é também lider na produção de carne no Brasil. O crescimento econômico médio de 9,5% entre 2002 e 2011 superando a média nacional, mas há deficiências na infra-estrutura, que prejudicam o escoamento eficaz da produção. O desafio é conciliar a alta produtividade agrícola com o desenvolvimento sustentável.
Índices sociais – A população mato-grossense se distribui de forma desigual, com desertos demográficos ao norte e áreas urbanas populosas, como Cuiabá e Várzea Grande. Dois terços dos municípios não têm coleta de esgoto e em mais de um terço não há rede de água, mas cerca de 90% dos habitantes com mais de 15 anos são alfabetizados. Pouco mais de 20% da população mato-grossense mora na zona rural. A taxa de mortalidade infantil é de 21,5 crianças mortas antes de completar 1 ano a cada mil nascidas vivas. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mato-grossense é de 0,773, igual ao de Minas Gerais e pouco superior à média nacional.
Cuiabá |
Capital – Com quase 300 anos de idade, Cuiabá prepara-se para um surto de crescimento neste início do século XXI, que pode vir com a implantação de cinco megaprojetos: a ligação ferroviária com o Porto de Santos, a conclusão e a pavimentação da rodovia Cuiabá-Santarém, a saída rodoviária para o oceano Pacífico, a hidrovia do Paraguai e o Gasoduto Brasil-Bolívia. A cidade começou às margens do rio Coxipó, tendo sido fundada em 8 de abril de 1719.
História
De acordo com o Tratado de Tordesilhas, a região do atual estado de Mato Grosso pertencia à América hispânica. Por muito tempo sua exploração se limita a esporádicas expedições de aventureiros e à atuação de missionários jesuítas espanhóis. Com o bandeirismo no século XVII e a descoberta de ouro no Brasil central no século XVIII, a região é invadida por exploradores. Em 1748 é criada a capitania de Mato Grosso, com sede em Vila Bela, mais tarde transferida para a vila de Cuiabá. Dois anos depois, a região é formalmente incorporada ao Brasil pelo Tratado de Madri. No século XIX, durante o Império, o declínio da mineração de ouro provoca o empobrecimento e o isolamento da província. A atividade pastoril e a agricultura começam a ocupar a força de trabalho mato-grossense. Mas a criação de gado se desenvolve, o que faz o eixo econômico da região se deslocar do centro-oeste para o sul. No período da República, o isolamento da região vai sendo reduzido com a ampliação da rede telegráfica, promovida pelo marechal Cândido Rondon, a navegação a vapor e a abertura de algumas estradas, ainda que precárias. Essas medidas atraem para a província um número crescente de seringueiros, criadores de gado e exploradores de madeira e de erva-mate.
Separação – Como todo o Centro-Oeste, o estado de Mato Grosso beneficia-se da política de interiorização do desenvolvimento dos anos 1940 e 1950 e da política de integração nacional dos anos 1970. A primeira é baseada principalmente na mudança da capital federal do Rio de Janeiro para Brasília e a segunda, nos incentivos fiscais aos grandes projetos agropecuários e de extrativismo, além dos investimentos em infra-estrutura, estradas e hidrelétricas. O estado prospera e atrai dezenas de milhares de migrantes vindos do Nordeste, Sul e Sudeste. Entre 1940 e 1970, a população salta de 430 mil para 1,6 milhão de habitantes. O governo federal decreta a divisão do estado em 1977, alegando dificuldade em desenvolver a região diante de sua grande extensão e diversidade. O norte, menos populoso, mais pobre, sustentado pela agropecuária extensiva e às voltas com graves problemas fundiários, permanece como Mato Grosso. O sul, mais próspero e mais populoso, passa a ser Mato Grosso do Sul. Mais de duas décadas depois, as condições socioeconômicas de Mato Grosso não se alteram substancialmente.
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