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AMAZONAS: ASPECTOS GERAIS

MAPA DO ESTADO DO AMAZONAS

BANDEIRA DO ESTADO DO AMAZONAS



AMAZONAS

GEOGRAFIA – Área: 1.570.745,7 km². Relevo: depressão na maior parte e faixa de planície perto do rio Amazonas e planaltos a leste. Ponto mais elevado: pico da Neblina, na serra Imeri (2993,8 m). Rios principais: Amazonas, Icá, Japurá, Javari, Juruá, Madeira, Negro, Nhamundá, Purus, Solimões. Vegetação: floresta Amazônica. Clima: equatorial. Municípios mais populosos: Manaus (1.700.000), Parintins (115.000), Manacapuru (86.000), Coari (84.000), Itacoatiara (82.000), Tefé (74.000), Maués (47.000), Tabatinga (45.000), Iranduba (40.000), Manicoré (40.000) (2009). Hora local: -1h . Habitante: amazonense.

POPULAÇÃO – 3.400.000 (est. 2009). Densidade: 2.1 hab./km² (est. 2009). Cresc. dem.: 3, % ao ano (1991-2009). Pop. urb.: 76% (2009).

DESCRIÇÃO

O Amazonas (AM) é o maior estado brasileiro em área e detém a maior biodiversidade do mundo. A bacia do rio Amazonas concentra um quinto de toda a água doce do planeta. No estado estão os pontos mais elevados do Brasil: o pico da Neblina, com 3.014 metros de altitude, e o 31 de Março, com 2.994 metros, ambos na fronteira com a

Venezuela.O território amazonense abriga ainda o maior número de índios do país: 101,8 mil, quase um quarto do total. Raízes indígenas e nordestinas estão presentes na culinária e na cultura da região, que tem no peixe a base de seus principais pratos, como a moqueca com postas de tucunaré ou de surubim. A maior festa do estado, o festival folclórico de Parintins, no mês de junho, atrai turistas de todo o Brasil.

Economia – O Amazonas é o único estado da Região Norte em que a indústria é o principal setor da economia. O Pólo Industrial de Manaus, que responde por 66,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado, fabrica eletroeletrônicos, bens de informática, motos, bicicletas, químicos e concentrados de refrigerante. Entre 1994 e 2002, a economia amazonense tem o maior crescimento acumulado do país: 100%. De janeiro a setembro de 2009, a indústria do estado, com a de São Paulo, é a que apresenta o melhor desempenho no país, impulsionada principalmente pela produção de material eletrônico, equipamentos de comunicações, plástico e borracha.O ecoturismo é o segmento econômico que mais se expande no Amazonas. Com isso, cresce também o número de hotéis de selva no estado, a maioria nos arredores de Manaus, Manacapuru e Itacoatiara. O estado é o maior produtor de borracha do Brasil. Destaca-se também a exploração da madeira, mas o corte predatório ainda é um problema. Desde os anos 1970, pelo menos 600 mil quilômetros quadrados de mata foram derrubados, uma área superior à da França.Experiências de uso racional da floresta vêm sendo feitas na região de Tefé, em Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS), que preservam a fauna e a flora sem expulsar os ribeirinhos. As reservas de Mamirauá e Amanã e o Parque Nacional do Jaú somam 57,4 mil quilômetros quadrados – quase duas vezes a área da Bélgica. Entretanto, o avanço da soja começa a ameaçar a floresta no sul do estado. A maior parte do movimento de passageiros e carga está concentrada nos rios Madeira, Negro e Amazonas. O transporte aéreo é caro e o rodoviário, precário. Com baixo potencial hidrelétrico, o estado produz petróleo e gás natural. Em 2002, a Petrobras descobre uma reserva de gás natural de 6 bilhões de metros cúbicos em Itapiranga, a 200 quilômetros de Manaus. O rebanho bovino do Amazonas é o que mais cresce no país entre 2002 e 2009. A produção de carne no estado destina-se apenas ao consumo local. Mesmo assim, em setembro de 2004, a Federação Russa proíbe a importação de carne brasileira, após a descoberta de um foco de febre aftosa no município amazonense de Careiro da Várzea. Em junho, o governo russo já vetara a importação de Mato Grosso, em virtude da aparição da doença em região vizinha, no Pará. O embargo russo é suspenso em novembro apenas para a carne de Santa Catarina.

Zona Franca e Pólo Industrial – Instalada em Manaus, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) incentiva o setor industrial. Cerca de 450 indústrias se fixam em Manaus, formando o Pólo Industrial.Após período de retração, provocado pelas crises econômica e energética nos últimos anos, o pólo retoma o crescimento e impulsiona a economia do estado. O faturamento de 2009 é estimado em 23 bilhões de dólares, 30% maior que o de 2008. Apesar do crescimento de mais de 500% no volume de exportações nos últimos seis anos, apenas um décimo da produção do pólo é vendido para o exterior.

Índices sociais – O Amazonas tem baixa densidade demográfica. A maior parte dos municípios fica à beira dos rios, e nas áreas periodicamente alagadas é comum a construção de casas sobre palafitas. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000 a mortalidade infantil registrada no estado é de 28,8 por mil crianças nascidas vivas.

Capital – Em Manaus, há marcos arquitetônicos do período áureo da borracha, como o Teatro Amazonas, construído com materiais nobres importados de várias partes do mundo, no fim do século XIX. Com a criação da Zona Franca de Manaus, a cidade se transforma em grande pólo de atração, abrigando metade dos habitantes do estado. Essa

concentração traz vários problemas sociais, como altos índices de violência e prostituição infantil, déficit de moradia e precariedade nos serviços de saúde.

História

Até meados do século XVIII, quase toda a atual Amazônia brasileira pertencia à América hispânica. Nessa época, é praticamente desconhecida, sendo visitada apenas por missionários e aventureiros, alguns enviados em expedições oficiais. Portugueses e espanhóis exploram apenas as "drogas do sertão" – madeiras, resinas, ervas e condimentos –, nenhuma delas de importância econômica significativa. Isso explica, em parte, por que a Espanha cede com relativa facilidade a imensa área a Portugal no Tratado de Madri, de 1750. Desde essa época até meados do século XX, o Amazonas tem dificuldade para romper o modelo extrativista que está na base de sua ocupação. Em 1669, o capitão português Francisco da Mota Falcão funda o pequeno forte de São José do Rio Negro, núcleo inicial do que é hoje a cidade de Manaus. Ele se torna o foco de expansão para o povoamento da Amazônia, com a possibilidade de subida do rio Negro. Em 1757, a região é transformada em capitania de São José do Rio Negro, e nas

décadas seguintes constroem-se fortalezas para sua defesa.Com a independência, a capitania integra-se à província do Pará e se envolve nas lutas da Cabanagem, entre 1835 e 1840. Em 1850, o governo imperial cria a província do Amazonas, com capital em Manaus.

Ciclo da borracha – Em 1866, quando cresce a importância da borracha para a economia local, o rio Amazonas é aberto à navegação internacional. Os seringais amazônicos atraem dezenas de milhares de migrantes, sobretudo nordestinos, para a coleta do látex. Tornam-se também objeto de interesse de grandes companhias estrangeiras. Entre 1890 e 1910, a produção de borracha do Amazonas corresponde a mais de 40% do total mundial. A população multiplica-se, a exportação da borracha chega a se igualar à do café e a economia cresce rapidamente. Em cerca de 50 anos, a população salta de 57.610 (Censo de 1872) para 1.439.052 habitantes (Censo de 1920). Chamada de Paris dos Trópicos, Manaus transforma-se em uma metrópole de estilo europeu – é a segunda cidade do país a instalar iluminação elétrica. Esse desenvolvimento não dura muito. Na década de 1910 e na de 1920, em razão da concorrência asiática, a borracha amazônica perde mercado, e a economia regional entra em rápido declínio.Depois do ciclo da borracha, a construção da rodovia Belém-Brasília, no fim dos anos 1950, é o primeiro passo para romper o isolamento e a estagnação econômica do estado. Em 1967 é instituída a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), com o objetivo de estabelecer um pólo industrial integrado ao mercado nacional, incentivado pela redução dos impostos de importação e exportação. Na esteira do Pólo Industrial da Zona Franca, desenvolvem-se o comércio, o turismo e a hotelaria, com a criação de aproximadamente 100 mil empregos.

Integração – No início da década de 1970 começa a ser estabelecido, por meio do Plano de Integração Nacional, um programa que prevê a construção de estradas, a ocupação planejada e o incentivo fiscal à instalação de empresas no estado. É dessa fase a criação de agrovilas ao longo das novas estradas, que atraem milhares de migrantes, especialmente das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sul. A maioria dos projetos, porém, não dá certo. O solo da região, depois da retirada das árvores, raramente se mostra adequado à agricultura. Grande parte das estradas fica completamente abandonada e é engolida de novo pela floresta. É o caso da Transamazônica (BR-230), planejada para cruzar o estado de leste a oeste e conectá-lo à Região Nordeste. Atualmente, a rodovia fica transitável em apenas um pequeno trecho, durante a época da seca. A partir de meados dos anos 1980, a Zona Franca de Manaus começa a declinar, em decorrência do corte de incentivos, da queda de produção e da baixa demanda de mão-de-obra. Esse cenário se mantém nos anos 1990.



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MANAUS : CAPITAL DO ESTADO DO AMAZONAS

CENTRO CULTURAL POVOS DA AMAZÔNIA
CENTRO CULTURAL PALÁCIO RIO NEGRO
A CIDADE DE MANAUS
PRAIA DA PONTA NEGRA

Banhada pelo magnífico Rio Negro, Manaus é o portão de entrada para a maior floresta tropical do planeta. Capital do Estado do Amazonas, a cidade guarda um extraordinário estoque de recursos naturais, representado por 20% da reserva de água doce do mundo, um banco genético de inestimável valor e grandes jazidas de minérios, gás e petróleo.

Manaus surgiu na segunda metade do século XVII, com a construção do Forte de São José da Barra, cuja finalidade era proteger a região contra a invasão estrangeira.

Em 1832 foi denominada Vila da Barra. Em 24 de outubro de 1848 foi elevada à categoria de cidade da Barra do Rio Negro. Somente em 04 de setembro de 1856, foi denominada de Manaus, em homenagem à nação indígena dos Manaós o mais importante grupo étnico habitante da região.

A capital amazonense foi uma das primeiras cidades brasileira a contar com luz elétrica, galerias pluviais, tratamento de águas e esgotos e serviço de bondes elétricos. Em 1909, Manaus passou a abrigar a primeira instituição de ensino superior do País brasileira, hoje chamada Universidade Federal do Amazonas, que contribui decisivamente para a formação de cidadãos e o desenvolvimento da Amazônia.

Há mais de 100 anos, no auge do ciclo econômico da borracha foi construído o Teatro Amazonas que surpreendeu o mundo com seu luxo, requinte e beleza arquitetônica. É o principal patrimônio cultural arquitetônico do Amazonas. Esse templo de arte retomou seu apogeu com a realização do Festival Amazonas de Ópera e com a apresentação em seu palco de espetáculos clássicos e populares de dança, música e teatro de artistas locais, nacionais e internacionais.

Características

Ano de Criação: 1848

Lei de criação: Em 24 de outubro de 1848, a já denominada Vila de Manaós é elevada à categoria de cidade por força da lei nº 145, deste mesmo ano, batizada agora de Cidade da Barra do Rio Negro.

Toponímia: O topônimo Manaus originou-se de uma tribo indígena que primitivamente dominava o Vale do Rio Negro, a qual pertenceu o legendário guerreiro Ajuricaba.

Gentílico: manauense ou manauara

Contagem da População 2009 : 1.800.000

Densidade (hab/km2): 144,42

Área (Km2): 11.401,1

Código do Município: 1302603
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ESTADO DO AMAPÁ

MAPA DO ESTADO DO AMAPÁ
BANDEIRA DO ESTADO DO AMAPÁ

AMAPÁ

GEOGRAFIA – Área: 142.814,6 km². Relevo: planície com mangues e lagos no litoral e depressão na maior parte, interrompida por planaltos residuais. Ponto mais elevado: serra Tumucumaque (701 m). Rios principais: Amazonas, Araguari, Jari, Maracá, Oiapoque. Vegetação: mangues litorâneos, campos gerais, floresta Amazônica. Clima: equatorial. Municípios mais populosos: Macapá (360.000), Santana (95.000), Laranjal do Jari (34.000), Oiapoque (15.000), Porto Grande (14.000), Mazagão (13.500), Vitória do Jari (11.000), Tartarugalzinho (8.500), Calçoene (7.500), Amapá (7.500) (2009). Hora local: a mesma. Habitante: amapaense.

POPULAÇÃO – 650.000 (est. 2009). Densidade: 3,9 hab./km² (est. 2009). Cresc. dem.: 5,0% ao ano (1991-2009). Pop. urb.: 91% (2009).

DESCRIÇÃO

O Amapá (AP) é o mais bem preservado estado brasileiro e mantém intacta quase a totalidade da floresta Amazônica, que cobre 90% de seu território. A população é proporcionalmente a que mais cresceu no país entre 1991 e 2000, com aumento médio de 5,71% ao ano. A maior parte dos habitantes (89%) está nas cidades – mais da metade na capital –, uma concentração urbana inferior apenas à de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. Ao sul, o Amapá faz divisa com o estado do Pará. Ao norte, o rio Oiapoque estabelece a fronteira com a Guiana Francesa.

Meio ambiente – Em agosto de 2002, o Amapá passa a abrigar o maior parque florestal do planeta, o Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque, com 3,8 milhões de hectares, área maior que a da Bélgica. O parque cobre a região noroeste do estado e a divisa com o Pará, protegendo as nascentes dos maiores rios estaduais, como o Oiapoque, o Jari e o Araguari.Em 2003 é anunciada a criação do Corredor Ecológico do Amapá. Abrangendo área superior à de Portugal, com mais de 10 milhões de hectares, o corredor é o maior do país – ocupa cerca de 70% da área do estado e visa ao manejo integrado de 12 unidades de conservação, inclusive o Parque do Tumucumaque, além de abrigar tribos indígenas de quatro etnias. Na foz do rio Araguari ocorre a maior pororoca do litoral brasileiro. Quando a maré sobe, uma onda colide estrondosamente com a massa de água doce que flui na direção contrária. A pororoca do Araguari avança rio adentro durante quase uma hora e meia e arrasta tudo o que estiver no leito.

Economia – Desde 1995, com a criação do Programa de Desenvolvimento Sustentável do Amapá (PDSA), o governo do estado desenvolve ações que associam crescimento e preservação ambiental. Os principais produtos estão relacionados com o extrativismo ou com o manejo da floresta: arcos e estacas de madeira, cavacos de pínus, palmito, castanha-do-pará e açaí. O manganês, que já foi a base da economia amapaense, perde importância com o esgotamento das jazidas. Ainda assim, o estado é um dos maiores produtores do mineral no país. Mandioca, arroz, milho, feijão e banana são as culturas mais comuns. Destacam-se também a pesca e a criação de búfalos. O Amapá apresenta sérios problemas nas áreas de energia, comunicação e transportes – não existe ligação rodoviária com o restante do país. Esse isolamento aproxima o estado de parceiros comerciais no exterior, como a Guiana Francesa e, por decorrência, a França.

Índices sociais – A taxa de mortalidade infantil do Amapá é de 24,9 para cada mil nascidos vivos, índice abaixo da média nacional. O estado detém o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a menor taxa de analfabetismo da Região Norte. No entanto, metade da população não tem acesso à água e três quartos não dispõem de serviços de coleta de esgoto.

Capital – Macapá é cortada pela linha do Equador. Isso torna possível a passagem de um hemisfério a outro com o simples ato de atravessar uma rua. São atrações da cidade a Fortaleza de São José, construção portuguesa do século XVIII, e os passeios de barco pelos igarapés e pela foz do rio Amazonas. Em 2002, Macapá ganha o Museu Sacaca do Desenvolvimento Sustentável, a céu aberto, que reproduz a vida ribeirinha, com um sítio arqueológico demonstrativo. O nome Sacaca homenageia um curandeiro da região cujo apelido deriva de uma planta tradicionalmente usada para baixar o colesterol. Em novembro de 2004, o prefeito reeleito de Macapá, João Henrique Pimentel (PT), é preso temporariamente e indiciado pela Polícia Federal sob a acusação de desvio de verbas públicas e fraude em licitações. A Operação Pororoca, que investiga irregularidades em 17 obras públicas no estado, resulta em 31 mandados de prisão contra empresários e políticos, incluindo também o prefeito de Santana, Rosemiro Rocha (PL). Suspeita-se que o esquema de fraudes tenha desviado mais de 103 milhões de reais.

História

Pelo Tratado de Tordesilhas, a área do atual estado do Amapá pertencia aos espanhóis. Durante a União Ibérica entre Portugal e Espanha (1580/1640), a região é doada ao português Bento Parente, com o nome de capitania da Costa do Cabo Norte. Felipe II, rei da Espanha, agia assim com o objetivo de fortificar a região, ponto de atração constante de holandeses, ingleses e franceses, que chegam a instalar verdadeiros empórios comerciais no Amapá. Quando Portugal conquista a independência em relação à Coroa espanhola, Bento Parente continua como donatário da nova capitania. Embora o Tratado de Tordesilhas lhe destinasse a região, a Espanha não contesta a posse. O difícil para Portugal é enfrentar os franceses, que haviam instalado uma praça militar em Caiena, ao norte da capitania. A mais ousada tentativa de ocupação francesa ocorre em 1697. Ao assinar o Tratado de Utrecht, em 1713, a França reconhece a soberania portuguesa na região. Apesar disso, mantém-se a preocupação com os franceses. Entre 1764 e 1782, Portugal constrói a Fortaleza de São José, em Macapá, a maior do Brasil colônia.

Disputa com a França – Com a independência do Brasil, em 1822, o Amapá permanece ligado à província do Pará. Até o fim do século XIX, a região é pouco mais que uma praça de guerra, a rigor sem atividade econômica. Por essa época, porém, é descoberta a mina de ouro de Calçoene. Brasil e França continuam a disputar a região entre os rios Oiapoque e Araguari, que corresponde a quase metade do território do estado. A questão só se resolve em 1900, com a intermediação do presidente suíço Walter Hauser, que confirma os direitos brasileiros sobre a área. No fim do século XIX, quando a Amazônia começa a viver o ciclo da borracha, o sul do Amapá também se beneficia da atividade extrativista. Em 1943, numa tentativa de apoiar o desenvolvimento da região, o governo federal desvincula o Amapá do Pará e o transforma em território federal, com capital em Macapá. Em 1946 inicia-se a exploração das ricas jazidas de manganês recém-descobertas na serra do Navio, concedidas à Indústria e Comércio de Minérios S.A. (Icomi), subsidiária da norte-americana Bethlehem Steel. Nos anos 1970, junto ao rio Jari, na divisa com o Pará, é implantado o Projeto Jari, ambicioso programa do empresário norte-americano Daniel Ludwig, ligado à exploração de madeira, ao cultivo de arroz e à produção de celulose. O projeto, porém, não se consolida. Na década de 1980 e na de 1990, a economia cresce de forma acentuada, com base no extrativismo mineral e vegetal e em algumas atividades industriais. Em 1988, beneficiado pelas disposições da nova Constituição federal, o Amapá torna-se estado.


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CEARÁ: ASPECTOS GERAIS

MAPA DO CEARÁ

BRASÃO DO CEARÁ

BANDEIRA DO CEARÁ

CEARÁ

GEOGRAFIA – Área: 148.825,6 km². Relevo: planalto, planícies e várzeas (leste e oeste). Ponto mais elevado: pico Serra Branca, na serra do Olho d'Água (1.154 m). Rios principais: Acaraú, Banabuiú, Jaguaribe, Salgado. Vegetação: caatinga em quase todo o território, vegetação de restinga e salinas em estreita faixa litorânea. Clima: tropical. Municípios mais populosos: Fortaleza (2.500.000), Caucaia (320.000), Juazeiro do Norte (270.000), Maracanaú (210.000), Sobral (180.000), Crato (130.000), Itapipoca (115.000), Maranguape (105.000), Iguatu (100.000), Quixadá (80.000) (2009). Hora local: a mesma. Habitante: cearense.

POPULAÇÃO – 8.400.000 (est. 2009). Densidade: 54,6 hab./km² (est. 2009). Cresc. dem.: 1,4% ao ano (1991-2009). Pop. urb.: 73,5% (2009).

DESCRIÇÃO

Com litoral de 573 quilômetros, o Ceará (CE) é um dos centros turísticos mais procurados do Brasil. São famosas suas praias e a culinária local, em que se destacam a lagosta, os frutos do mar e o baião-de-dois (arroz e feijão-fradinho).O território cearense abrange grandes extensões de serras e de sertões. Ao sul do estado situa-se a Floresta Nacional do Araripe, onde está a maior concentração mundial de fósseis do Período Cretáceo.Na divisa com o Piauí existe uma área de cerca de 3 mil quilômetros quadrados que não faz parte, oficialmente, de nenhum dos dois estados. Tecnicamente, a região é classificada como área de litígio, mas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não há disputa pela terra, cuja importância econômica é ínfima.

Economia – O setor industrial responde por 36,8% do Produto Interno Bruto (PIB) cearense, o de serviços e comércio por 57% e a agropecuária, por 6,1%.Nos últimos anos, mais de 600 empresas nacionais e estrangeiras instalam-se no estado, atraídas pelos incentivos que o governo oferece e pela mão-de-obra barata. Os principais setores são calçadista, metal-mecânico, siderúrgico, têxtil, de confecções e eletroeletrônico. Um pólo de floricultura no interior do estado fez do Ceará o segundo maior exportador de flores frescas cortadas do Brasil, atrás apenas de São Paulo. A produção de frutas também apresenta crescimento, com destaque para a banana, o abacaxi e o melão.

Índices sociais – O Ceará historicamente enfrenta problemas de escassez de água. Castigada pela seca e pela situação de desigualdade social, a população sofre com a desnutrição. Com as mudanças climáticas, o que ocorrendo na região Nordeste, as chuvas tem se tornado intensas causando prejuízos principalmente no Ceará, Piauí e Maranhão, como ocorreu com as enchentes em 2009. No decorrer da década de 1990, programas de saúde familiar desenvolvidos pelo governo do estado e pela Pastoral da Criança, com o apoio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), conseguem reduzir a mortalidade infantil. Em 1990, entre crianças de até um ano, o número de mortes era de 72,5 em cada mil nascidas vivas. Em 2009, passa para 32,1 em mil. O resultado é obtido graças a medidas como ampliação da cobertura de vacinação, combate à desnutrição infantil e estímulo à amamentação.

Capital – A região metropolitana de Fortaleza possui uma costa urbanizada, com boa rede hoteleira, restaurantes, casas de espetáculos, bares, museus e parques temáticos. Os 90 quilômetros de praias atraem turistas de todo o Brasil. Fortaleza, no entanto, enfrenta o problema crescente da violência, como as demais grandes cidades do país.

História

Colonos portugueses apoiados por expedições militares começam a ocupar o Ceará por volta de 1610. O objetivo é defender a capitania, criada em 1534, dos ataques de franceses, holandeses e ingleses, que se aliavam a tribos locais. O povoamento do interior e o desenvolvimento da agropecuária são incrementados quando proprietários de Pernambuco, da Paraíba e de Alagoas chegam à região, fugindo dos holandeses instalados no litoral nordestino no século XVII. Os cearenses participam da Revolta Pernambucana, em 1817, das lutas de independência, enfrentando as forças portuguesas aquarteladas no Piauí, e da Confederação do Equador, de 1824, também liderada por Pernambuco. Durante o Império, o estado se envolve na campanha abolicionista e na republicana. Ceará e Amazonas são as primeiras províncias a declarar oficialmente extinta a escravidão, em 1884. Nas últimas décadas do século XIX, a seca faz dezenas de milhares de cearenses abandonar a região. A maior parte vai para a região Amazônica, a fim de trabalhar nos seringais. A República contribui para fortalecer o poder dos grandes fazendeiros, os coronéis. Liderados pelo clã dos Acioli, eles controlam todo o estado por meio dos "currais eleitorais" (prática na qual os eleitores trocam o voto por dinheiro ou por outro benefício). O governo federal resolve intervir na poderosa oligarquia cearense e indica Marcos Franco Rabelo para governar o estado. Mas os coronéis reagem brutalmente, com o apoio do Padre Cícero, na Revolta do Juazeiro.As obras contra a seca se intensificam a partir dos anos 1940 e 1950, quando o governo federal aumenta os recursos aplicados no estado pelo Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), criado em 1943. Dezenas de açudes são construídos, alguns de grande capacidade, como os de Orós, Banabuiú e Araras, localizados, respectivamente, no sudeste, centro e noroeste do Ceará. Os recursos da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), a partir dos anos 1960, e os incentivos fiscais da década de 1970 fazem crescer principalmente os setores alimentício e têxtil. Este último se desenvolve graças às condições favoráveis ao plantio de algodão. Indústrias de transformação e de alimentos, entre outras, surgem apoiadas no aumento da produção de cana-de-açúcar e dos óleos de carnaúba, mamona e oiticica.

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ESTADO DE ALAGOAS

MAPA DO ESTADO DE ALAGOAS
BANDEIRA DE ALAGOAS
BRASÃO DE ALAGOAS

ALAGOAS

GEOGRAFIA – Área: 27.767,7 km². Relevo: planície litorânea, planalto a norte e depressão no centro. Ponto mais elevado: serra Santa Cruz (844 m). Rios principais: Ipanema, Moxotó, Mundaú, Paraíba, São Francisco. Vegetação: floresta tropical, mangues litorâneos e caatinga. Clima: tropical. Municípios mais populosos: Maceió (900.000), Arapiraca (202.000), Palmeira dos Índios (73.000), Rio Largo (68.000), Penedo (61.000), União dos Palmares (61.000), Coruripe (46.000), Santana do Ipanema (45.000), Delmiro Gouveia (45.000), São Miguel dos Campos (44.000) (2009). Hora local: a mesma. Habitante: alagoano.

POPULAÇÃO – 3.100.000 (est. 2009). Densidade: 108,4 hab./km² (est. 2009). Cresc. dem.: 1,1% ao ano (1991-2009). Pop. urb.: 69% (2009).

DESCRIÇÃO

Localizado na Região Nordeste, Alagoas (AL) tem um litoral recortado, rico em belezas naturais, com muitas áreas de mangue e lagoas. O traçado da rodovia BR-101 acompanha toda a costa, desde a foz do rio São Francisco, que desenha a divisa sul com Sergipe, até o norte, em direção ao estado de Pernambuco. O clima na maior parte do território alagoano é o tropical, com temperaturas entre 18 ºC e 26 ºC e maior concentração de chuvas no inverno. No interior do estado, há regiões com clima semi-árido, onde as poucas chuvas são distribuídas irregularmente.

Turismo – A atividade econômica que mais cresce em Alagoas é o turismo, apoiado na existência de belas praias, variedade de paisagens e diversidade cultural e gastronômica. Dos 101 municípios do estado, 40 têm potencial turístico e 32 se tornaram prioridade de investimentos do Programa de Ação para o Desenvolvimento Integrado do Turismo (Prodetur), uma iniciativa do governo federal, que criou os projetos Costa Dourada, para o litoral norte, e Paraíso das Águas, para o litoral sul. O Costa Dourada prevê o investimento de 32 milhões de reais em ações de gestão, informatização e treinamento. O Paraíso das Águas engloba a área das lagoas na região metropolitana de Maceió, municípios importantes, como Marechal Deodoro e Arapiraca, até o rio São Francisco, na divisa com o estado de Sergipe. A cidade de Marechal Deodoro, antiga capital alagoana, atrai pelo rico acervo arquitetônico do período colonial. Em seu litoral está localizada a praia do Francês, a mais conhecida do estado. Com águas azuis, a praia é parcialmente protegida por uma orla de recifes que deixam o mar calmo. Na área não protegida, as fortes ondas permitem a prática de surfe.

Economia – Alagoas contribui com apenas 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor de serviços corresponde a 59,1% da economia alagoana, boa parte apoiada nas atrações do turismo. A indústria responde por 32,6%. Apesar de ser um estado conhecido pelas plantações de cana destinadas à agroindústria do açúcar e do álcool, a agropecuária responde por apenas 8,2% da atividade econômica. Pobre e de baixa mecanização, a indústria do açúcar e do álcool depende das grandes plantações de cana-de-açúcar, que se estendem do litoral à Zona da Mata. Maior produtor de cana do Nordeste, com cerca de 25 milhões de toneladas, Alagoas só fica atrás de São Paulo e Paraná no ranking nacional. Açúcar e etileno respondem pela maior parte dos produtos exportados. Além da cana-de-açúcar, sobressai a produção de fumo, coco, algodão, arroz, feijão, milho, mandioca, mangaba, laranja, abacaxi, banana e leite.O estado produz petróleo e gás natural. Destacam-se também o pólo cloroquímico e os setores industriais de alimentos, tecidos e vestuário. Trigo e fertilizantes são os principais produtos importados. Mas o estado ainda é pobre, com renda per capita de 4.500 reais, menos da metade da média do país.

Índices sociais – Alagoas detém a maior taxa de mortalidade infantil do Brasil. A cada mil crianças nascidas vivas, 57,7 morrem antes de completar 1 ano, mais que o dobro da média do país, que é de 27,5 mortes por mil nascidos vivos. Um em cada cinco alagoanos com mais de 10 anos vive com até um salário mínimo. O saneamento básico é outro grave problema: menos de 30% dos domicílios do estado têm rede de esgoto. Em 1991, sete dos dez municípios brasileiros mais pobres, segundo o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), eram alagoanos. Em 2009, o IDH de Alagoas havia melhorado, mas continuava sendo o segundo menor do país. Nesse ano, o estado também apresentava a pior distribuição de renda. Com 31,2%, a taxa de analfabetismo é a mais alta do país.

Capital – O destino preferido dos turistas é a capital, Maceió, uma das cidades mais visitadas da Região Nordeste. A rica culinária, à base de frutos do mar, é um dos principais atrativos. O prato típico do litoral é o sururu, uma espécie de marisco. A maior atração, no entanto, são as praias da região. Entre elas destaca-se a de Pajuçara, onde, durante a maré baixa, se forma uma piscina natural a 2 quilômetros da costa. O passeio até lá pode ser feito de jangada. O bairro do Pontal da Barra oferece os mais variados tipos de renda, um dos mais conhecidos produtos de artesanato da capital.

História

A região do atual estado de Alagoas desenvolve e consolida sua economia no período colonial com a produção de açúcar e a criação de gado, atividades em que predominava o trabalho escravo de negros e mestiços. No século XVI, piratas estrangeiros aportam no litoral e pilham o pau-brasil. No século seguinte, a região é submetida ao domínio holandês. Para manter o controle do território, os colonizadores portugueses entram em choque com os nativos e dizimam tribos indígenas hostis, como os caetés. Alagoas e Pernambuco sediam, no decorrer do século XVII, o mais importante centro de resistência dos negros à escravidão, o Quilombo dos Palmares, comunidade fundada por volta de 1590 que logo se transformaria num pólo de atração para os escravos das plantações canavieiras. O quilombo é destruído em 1694, por Domingos Jorge Velho. Zumbi, o mais conhecido líder de Palmares, escapa do ataque e continua a luta. Em 1695 é traído e morre numa emboscada. Durante quase todo o período colonial, a região de Alagoas integra a capitania de Pernambuco. Torna-se comarca em 1711 e se separa em 1817, para se transformar em capitania autônoma. A separação é uma represália do governo central à Revolta Pernambucana. Com a independência do Brasil, em 1822, torna-se província. Em 1839, Maceió passa a ser a capital, em substituição à cidade de Alagoas. A antiga capital passa posteriormente a chamar-se Marechal Deodoro, homenagem a seu filho mais ilustre, que proclamou a República em 1889 e foi o primeiro presidente do país. No período republicano, Alagoas mantém as características econômicas e sociais de seu passado colonial: economia agrícola da Zona da Mata e do Agreste e pequena industrialização. A sociedade permanece dependente do poder e do clientelismo dos coronéis, latifundiários e chefes das oligarquias locais. Só a partir dos anos 1960 a economia alagoana começa a se diversificar, em virtude dos programas da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) para a exploração do sal-gema e da aplicação de recursos da Petrobras para a produção de petróleo. O estado tem se beneficiado dos investimentos em turismo, concentrados principalmente na capital.

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ESTADO DO ACRE

MAPA DO ESTADO DO ACRE
BANDEIRA DO ACRE
BRASÃO DO ACRE

ACRE

GEOGRAFIA – Área: 152.581,4 km². Relevo: depressão na maior parte do território e planície estreita a norte. Ponto mais elevado: serra do Divisor ou de Conta (609 m). Rios principais: Acre, Envira, Juruá, Purus, Tarauacá.


Vegetação: floresta Amazônica. Clima: equatorial. Municípios mais populosos: Rio Branco (300.000), Cruzeiro do Sul (80.000), Sena Madureira (33.000), Feijó (31.000), Tarauacá (29.000), Senador Guiomard (22.000), Brasiléia (19.000), Plácido de Castro (17.000), Epitaciolândia (13.000), Mâncio Lima (13.000) (2009). Hora local: -1h. Habitante: acreano.

POPULAÇÃO – 680.000 (est. 2009). Densidade: 4,2 hab./km² (est. 2009). Cresc. dem.: 3,1% ao ano (1991-2009).

DESCRIÇÃO

O Acre (AC) é o estado da Região Norte situado mais a oeste. Com duas horas a menos em relação ao fuso horário de Brasília (DF), nele se localiza o último povoamento do Brasil a ver o sol nascer, na serra da Moa, na divisa com o Peru. A intensa atividade extrativista, que atinge o auge no século passado, atrai brasileiros de várias regiões para o estado. Da mistura de tradições de sulistas, paulistas, nordestinos e índios surgiu uma culinária diversificada, que junta a carne-de-sol com o pirarucu, peixe típico da região, e pratos regados com molho tucupi, feito de mandioca.O transporte fluvial, concentrado nos rios Juruá, Tarauacá, Envira e Moa, é o principal meio de circulação, sobretudo entre novembro e junho, quando as chuvas deixam intransitável a BR-364, rodovia que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul.

Meio ambiente – O Acre é o estado-símbolo da luta pela preservação da floresta Amazônica e pelo desenvolvimento sustentável, sobretudo após a morte de Chico Mendes, ambientalista e líder sindical dos seringueiros, assassinado em 22 de dezembro de 1988. Os seringueiros de Xapuri, terra de Chico Mendes, obtêm em março de 2002 o selo verde, concedido pelo Conselho de Manejo Florestal – FSC (sigla em inglês), atestando que a exploração da madeira da floresta é feita segundo padrões ambientalmente corretos. O selo do FSC, organização não-governamental com sede no México, é considerado a certificação florestal mais importante do mundo. A madeira com o selo triplica de valor e pode ser comercializada no nascente pólo moveleiro de Xapuri. Outros produtos da floresta são também comercializados, como o açaí – fruto de uma palmeira –, o óleo da copaíba e a folha da pimenta-longa, matéria-prima para a indústria de cosméticos. Os índios iauanauás, da região de Tarauacá, vendem urucum para indústrias de cosméticos dos Estados Unidos. No entanto, o modelo econômico sustentado na biodiversidade ainda corre risco, porque o desmatamento das regiões de floresta chega a atingir 60% em algumas áreas.

Economia – O Produto Interno Bruto (PIB) do Acre provém, sobretudo, do setor de serviços, que contribui com 69,8% da riqueza do estado. A indústria responde por 24,6% e a agropecuária, por 5,7% do PIB. O estado é o segundo maior produtor de borracha do país, atrás apenas do Amazonas.

O Acre pode ser dividido em dois grandes pólos: o vale do rio Juruá, cujo centro se localiza na cidade de Cruzeiro do Sul, no noroeste do estado, e o vale do rio Acre, com sede na capital, Rio Branco, no sudeste.No vale do Juruá reside cerca de 30% da população, a maioria na zona rural. A região é bem preservada e abriga a Reserva Extrativista do Alto Juruá – a área mais rica em biodiversidade do planeta – e o Parque Nacional da Serra do Divisor. Mais industrializado e com agricultura mais produtiva, o vale do rio Acre responde pela maior parte da borracha e dos alimentos produzidos no estado, com destaque para as culturas de mandioca, arroz, milho e frutas.

Índices sociais – Os indicadores de saúde do Acre são preocupantes. A mortalidade infantil é a mais elevada da Região Norte: 33,2 crianças em cada mil nascidas vivas morrem antes de completar 1 ano. Em torno 64% das casas não têm abastecimento de água nem fossa séptica; quase metade não possui coleta de lixo.

História

Único estado compreendido no quinto fuso horário em relação a Greenwich, o Acre é a última grande área a ser incorporada ao Brasil. Pelos acordos de limites do período colonial, confirmados no Império, esse território pertencia à Bolívia, sendo uma pequena parte dele reivindicada pelo Peru. As entradas constantes de sertanistas brasileiros na região forçam a assinatura de novo acordo entre o Brasil e a Bolívia. Em 1867 é firmado o Tratado de Ayacucho, que fixa a fronteira entre os dois países na confluência dos rios Beni e Mamoré. Mas ainda era uma linha demarcatória imprecisa. Dez anos depois, em 1877, há uma grande seca no Nordeste. Fugindo dela, milhares de nordestinos, especialmente cearenses, emigram para a região Amazônica. Atraídos pela borracha, fixam-se na área mais ou menos correspondente ao atual estado do Acre. As autoridades bolivianas reagem ao que consideram invasão de seu território e, como medida para reconquistá-lo, fundam, em 1899, uma sede administrativa para o recolhimento de impostos: Puerto Alonso, mais tarde chamada Porto Acre. Como a medida não traz os resultados esperados, a Bolívia entrega o Acre a um poderoso grupo

norte-americano para formar o que se chamou Bolivian Syndicate, em 1901, com o objetivo de desenvolver economicamente a região e em seguida reintegrá-la politicamente. Os brasileiros organizam rebeliões armadas e garantem sua permanência. A mais conhecida revolta é liderada pelo agrimensor gaúcho José Plácido de Castro, que

reúne, em 1902, algumas dezenas de seringueiros e ocupa a vila de Xapuri. Suas tropas, alguns meses depois apoiadas pelo governo brasileiro, apoderam-se de Puerto Alonso, e Plácido de Castro proclama a independência da região. A disputa só termina em 1903, com o Tratado de Petrópolis, assinado entre Brasil e Bolívia. O Brasil compra a região dos bolivianos por 2 milhões de libras esterlinas e compromete-se a construir a ferrovia Madeira-Mamoré, que liga Guajará-Mirim a Porto Velho, em Rondônia, para dar saída aos produtos bolivianos pelo Atlântico. Houve resistência na Bolívia contra o tratado, além de conflitos com o Peru, que reivindicava direitos sobre o território.

Transformação em estado – No ano de 1904, o Acre torna-se território federal dividido em três departamentos: Alto Acre, Alto Purus e Alto Juruás, cujos prefeitos são nomeados pelo governo federal. O declínio da exportação da borracha, causado pelo surgimento de grandes plantações de seringueira na Ásia, e a estagnação econômica que se segue levam à intensificação da exploração madeireira, com a devastação de consideráveis áreas de floresta Amazônica. O território retoma o crescimento econômico somente nos anos 1940 e 1950, sustentado principalmente pelos recursos da União. No governo do presidente João Goulart, em 1962, com pouco mais de 200 mil habitantes, o Acre é elevado à condição de estado, ao atingir o nível de arrecadação fiscal exigido para essa transformação, conforme a Constituição de 1946. A borracha, pivô da crise com a Bolívia no fim do século XIX e princípio do XX, continua como principal produto na pauta de exportação do estado, embora em decadência. No período do milagre econômico, entre os anos 1960 e 1970, o Acre investe principalmente em extrativismo e agropecuária, o que atrai novas correntes de migrantes.


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ESTRADA DE FERRO MADEIRA-MAMORÉ



Estrada de Ferro Madeira - Mamoré



Dom Francisco de Souza Coutinho, governador da capitania do Grão-Pará, em viagem pelo Madeira, nos idos de 1797, enfrentou um trecho encachoeirado deste rio. Foi naquela época que o governador teve a ideia de construir uma estrada para vencer essa parte inavegável do rio Madeira.Convém lembrar que a ideia da construção de uma estrada foi idealizada, também, pelo brasileiro João Martins da Silva Coutinho em 1861, quando, em .viagem pelo rio Madeira a serviço do governo da Província do Amazonas. Já o general boliviano Quentin Quevedo, a serviço do governo da Bolívia, no final do século XIX, após realizar a descida pelo rio Madeira, pensou em duas alternativas para vencer o trecho encachoeirado: canalizar o rio ou construir uma estrada de ferro paralela a ele.

A Bolívia, após sua independência do Peru, fica isolada, tendo que enfrentar a exploração do mesmo para escoar seus produtos até o Oceano Pacífico, o que tomava inviável qualquer comercialização. Portanto, o sonhode chegar ao Oceano Atlântico, via rio Madeira e Amazonas, era uma necessidade que deveria tomar-se realidade.

Até a Guerra do Paraguai, em 1866, o Brasil não via grandes necessidades de escoar produtos pelo Madeira, até mesmo porque toda a produção chegava ao Oceano Atlântico via Bacia do Prata. No entanto, com a guerra, o Brasil ficou impedido de trafegar pela bacia do Prata, surgindo, então, a necessidade de buscar novas rotas. Para tanto, o império nomeou uma comissão encarregada de viabilizar um acordo entre O Brasil e a Bolívia, com o intuito de atender às necessidades dos dois países de Chegar Oceano Atlântico. A comissão era chefiada pelo Barão Lopes Netto, cujo secretário principal era Cassiano Cândido Tavares Bastos. No dia 27 de março de 1867, é assinado entre Brasil e Bolívia o "Tratado de Amizade, Limites, Navegação, Comércio e Extradição". Dentre as cláusulas do tratado, via-se o desejo de ambos em construir uma estrada que vencesse o trecho encachoeirado do rio Madeira.

Em 1867, o general Quentin Quevedo parte para o México sob as ordens do governo boliviano em busca de pessoas que tivessem o interesse de vencer as cachoeiras do Madeira. Foi naquele momento que o presidente do México encaminhou para uma conversa com o coronel George Earl Church, Tendo este apreciado o projeto, partiu imediatamente para a Bolívia,

fundando, em 1868, a Natíonal Bolívia Navegation Company, cuja função era desenvolver um projeto de canalização do trecho encachoeirado do rio Madeira,

Audaciosamente, o coronel Church parte para outros países da Europa e EUA em busca de recursos para lhe garantir a iniciação do seu projeto. No decorrer de sua viagem, enfrenta dificuldades para encontrar financiadores e descobre a inviabilidade de se canalizar o trecho encachoeirado do rio Madeira, custo elevadíssimo. Desta forma resolve mudar seu projeto, que passou a consistir na construção de uma ferrovia. Em 1869, conscÍente de seu novo projeto, o governo boliviano concede ao coronel George Earil Chuch o direito de fazer um empréstimo para iniciação da construção da ferrovia. Neste mesmo, ano o governo imperial do Brasil solicita aos alemães Joseph e Franz Kellen, pai e filho, engenheiros experientes em construção de ferrovias, a realizar estudo de viabilidade da construção de uma ferrovia margeando os rios Madeira e Mamoré.

Enquanto o coronel Church enfrentava um novo obstáculo, teria de obter a concessão do governo brasileiro para a construção da ferrovia. A concessão foi obtida no dia 20 de.abril de 1.870. Com direito de exploração por 60 anos. O único empecilho colocado pelo governo imperial do Brasil foi que Church organizasse uma nova companhia. Em 1871, é fundada a The Madeira and Mamoré Railway Company Ltd.

Para vencer o espaço encachoeirado dos vales dos rios Madeira e Mamoré, a ferrovia deveria ser construída entre as então localidades de Santo António e Guajará-Mirim. A princípio, acreditava-se que a construção da ferrovia iniciava-se num prazo de dois anos e seu término seria no final de sete anos. Com o objetivo de conseguir empréstimos para a construção da ferrovia, Church vai a Londres. O Banco Erianger & Co. concede o empréstimo, porém, a construtora da ferrovia seria sua indicação. Foi quando a Public Works Construcion Company enviou ao Brasil dois de seus melhores engenheiros para estudarem os pontos negativos e positivos da construção.

Após percorrerem o vale do Madeira,,os engenheiros fizeram um relatório dando o parecer positivo para a construção da ferrovia. Desta forma, foi firmado o contrato entre as empresas The Madeira and Mamoré Railway Company Ltd,e a Public Works.

Os ingleses partiram rumo à Amazônia para construírem a estrada de ferro. Foi no dia 06 de julho de 1872 que a primeira leva de trabalhadores

chegaram a Santo António, que nada mais era que um ponto de parada para os que se aventuravam a subir ou descer o Madeira. Porém, Santo António transformava-se no ponto inicial da tão sonhada ferrovia.

À frente da construtora Public Works encontrava-se o engenheiro L.E. Ross e para comandar a Madeira and Mamoré Railway Co. estava E.D. Mathews. Ambos acreditavam que a extensão da ferrovia seria de 300 Km.

Com a chegada do material, suficiente para construir 36 km e do restante dos trabalhadores a Santo António, iniciaram a construção da ferrovia, em 1872. Dentro dos trâmites legais, tudo estava resolvido para a construção da ferrovia, no entanto, surge o maior de todos os obstáculos: a Selva Amazônica.

Os trabalhadores que ali chegavam iam sendo dizimados gradativamente pela fome e por doenças endêmicas da região, sem contar com os constantes ataques dos índios Karipunas aos acampamentos. A associação desses fatos fazia com que a obra tivessem um ritmo muito lento. Os europeus não esperavam encontrar condições de tamanha hostilidade para realizar a construção de ferrovia. A hostilidade existente no cenário amazônico foi divulgada ao Brasil pelo engenheiro Souza Santos em um relatório enviado ao governo brasileiro mas foi o relatório realizado pelo engenheiro de confiança de Public Works enviado a Londres que provocou uma verdadeira onda de dúvidas sobre a viabilidade do término da obra. No dia 9 de julho de 1873, após a divulgação de relatório, a Public Works resolve pedir a rescisão de contrato, alegando ter sido enganada sobre as condições da região onde seria construída a ferrovia. Dizia ser impossível construir uma ferrovia em uma região tão hostil e requeria uma indenização pelos prejuízos.

Com a saída da Public Works, o governo boliviano fica em uma situação bastante delicada, pois correria o risco de ter de pagar os empréstimos de uma obra que não fora concluída e resolve também retirar-se da construção da ferrovia, Church, vendo-se cercado pela difícil situação, saíra à procura de uma empresa que fosse capaz de dar continuidade à obra. No dia 17 de setembro de 1873, assina o contrato com a empresa norte-americana Dorsay & Caldwel. Esta assumira o compromisso de construir 15 Km de ferrovia utilizando o material deixado pela Public Works.

Um grupo composto por engenheiros e trabalhadores norte-americano chega a Santo Antônio em janeiro de 1874, com o objetivo de vistoriar a área iniciar a obra. Receosos pela morte de um companheiro vitimado por doença endêmicas, o grupo retoma a seu local de origem.

Após longos conflitos travados entre Church e a Public Works, o Brasil resolve intervir, afinal, a ferrovia estava sendo construída em terras brasileiras. Com o apoio do Brasil, Church ganha mais força e consegue uma liminar provisória da justiça garantindo-lhe a retirada de fundos em um banco na Inglaterra, por etapas, de acordo com o andamento da construção.

A Dorsay & Caldwel transfere seu contrato para Reed Bros & Company em 25/08/1875, empresa londrina que não pretendia o cumprimento das cláusulas do contrato, visto que protelava o início da obra mediante discussões incabíveis. Após mover um processo contra a Madeira and Mamoré Ralway Co-, a Reed Bros & Company pede uma indenização. Church, por sua vez, não reluta em pagar, pois não mais queria empecilhosque pudessem atrapalhar o término da obra. A quarta empresa a ser contratada para a construção da ferrovia foi a.P. &T. Collins, cujo contrato foi assinado em 25 de outubro.de 1877. O contrato previa a construção de 32Km de ferrovia. Após ter assinado um contrato com uma empresa fornecedora de aço, a P. & T. Collins parte da Filadélfia, Estado Unidos, em 1878, rumo a Santo Antônio, com navios carregados de aço e ferramentas para a construção e de um grande número de operários que iriam trabalhar na ferrovia. Um dos navios, o transatlântico Metrópole, naufragou com 700 toneladas de trilhos, máquinas, provisões e 280 trabalhadores, antes de sair da costa Americana. Santo Antônio era mais distante que qualquer engenheiro da P. & T. Collins poderia imaginar. Passado o primeiro mês após sua chegada, iniciaram os ataques de febre em alguns trabalhadores, o que contribuiria para a morosidade da obra. Após quatro meses e trabalhando, haviam conseguido concluir somente três quilômetros de ferrovia, quando a projeção era de dez quilômetros por mês, em média, A locomotiva, ao percorrer os primeiros três quilômetros da ferrovia, recebeu o nome de Church. Porém, em sua primeira viagem, descarrilou-se, pondo fim à euforia da pré-inauguração. P. & T. Collins foi mais uma empreiteira que fracassou na construção da ferrovia. A situação ficou mais dramática quando o Engenheiro Nichols, encarregado da Madeira and Mamoré Company, relatou aos engenheiros da empreiteira que havia recebido uma carta de Church, em 16 de julho de 1878, informando-o de que não teria como pagar a empreiteira P. &T. Collins. Foi uma catástrofe para Collins.

Com a divulgação da catástrofe, os trabalhadores descem o rio Madeira rumo a Belém e lá passam a viver precariamente, sem emprego e, o que é pior, doentes. Para.Thomas Collins não restavam muitas alternativas, resolvendo permanecer em Santo António com um grupo de trabalhadores, no aguardo de Church conseguir reaver o dinheiro bloqueado em Londres. Além das febres temporárias, o grupo que permaneceu em Santo António sofria constante;ataques dos índios Karipunas. Diante de tantas dificuldades, no dia 19 de agosto de 1879, foi oficialmente suspensa a construção da ferrovia. Tantas vidas sacrificadas, das mais diversas nacionalidades, tantos materiais deixados para virarem sucatas, tantas lutas travadas em vão, tantos sonhos perdidos e somente sete quilômetros de estrada foram construídos. Era o saldo que representava um ano e meio de trabalho da construtora P. & T. Collins.

Com o fracasso da P. & T. Collins, o governo brasileiro resolve cassar a concessão de Church, tomando-a sem valor, no entanto, ele sabia da necessidade boliviana de escoar seus produtos .pelo território brasileiro, fato que poderia render grandes lucros para o Brasil. Por isso, não desistiu de construir a estrada de ferro e nomeou o engenheiro Carlos Alberto Morsing para chefiar uma comissão (Comissão Morsing) cujo objetivo era estudar o percurso da ferrovia entre as localidades de Santo Antônio e Guajará-Mirim.

Em 1883, a Comissão Morsing chega a Santo António, fazendo uma análise do material sucateado deixado pela P. & T. Collins, que havia partido três anos antes. Logo que chegaram, já começaram a enfrentar-problemas com as doenças típicas da região. Morsing, enfermo, deixa Santo Antônio rumo ao Rio de Janeiro com o objetivo de convencer as autoridades de que, diante das dificuldades existentes na região, era primordial maiores investimentos, pois os trabalhadores estavam sofrendo com as doenças , não sendo possível dar continuidade ao projeto.

O engenheiro Júlio Pinkas, que substituiu Morsing à frente da comissão, resolveu retirar-se de Santo Antônio, visto que todos os trabalhadores encontravam-se em estado deplorável após cinco meses isolados na região.

No ano de 1884, Morsing entrega um relatório da ferrovia para o ministro da Agricultura, o qual, por sua vez, convida Júlio Pinkas para fazer a análise. O engenheiro Júlio Pinkas mostra-se contrário às ideias apresentadas, o que o levou a fazer outro relatório contrapondo-se às ideias de Morsing, Mais uma vez, em meio a conflitos e protestos, a ferrovia entra para o esquecimento, bem como todos os trabalhadores que foram largados sem mesmo ter um enterro decente ao longo de seus trilhos.

No findar do século XIX.a porção Centro Oriental e Norte da Bolívia ainda sofria as consequências da inexistência de saída para o oceano, o que fazia o país extremamente dependente dos rios- brasileiros para escoar.seus produtos, principalmente a borracha.

Os seringueiros brasileiros ocuparam a região do atual estado do Acre,lque pertencia à República da Bolívia, surgindo assim um conflito envolvendo os seringueiros brasileiros, um sindicato norte-americano e autoridades bolivianas. O Brasil e a Bolívia chegam a um acordo.



ESTRADA DE FERRO MADEIRA-MAMORÉ

(Construída entre 1907-1912)



No dia 17 de novembro de 1903, é assinado o Tratado de Petrópolis entre o Brasil e a Bolívia. A partir de então, houve a incorporação do Acre ao Brasil, mediante indenização de dois milhões de libras esterlinas, e ainda caberia ao Brasil a construção de uma ferrovia, margeano os rios Madeira e Mamore, para viabilizar o escoamento dos produtos do Centro Leste e Norte boliviano para o Oceano Atlântico.

Esteado no Tratado de Petrópolis, o Brasil realiza, em março de 1905, licitação para a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, Joaquim Catramby foi o vencedor da concorrência e, em seguida, transfere o contrato da obra a Persival Farqhuar, um milionário norte-americano. Joaquim Catramby era um "testa-de-ferro" desse milionário. A construção da ferrovia é iniciada em 1907. A empresa construtora da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré foi a May & Jekyll, que, em seguida, associa-se a Randolph. A denominação da empresa construtora da ferrovia passa a ser May, Jekyll & Randolph, que possuía uma larga experiência na construção de ferrovias. Ao chegar a Santo António, tinha como principal objetivo fazer um levantamento do material deixado pela empresa P. & T. Coilins e das condições da região para a construção. Foi nesse levantamento que ocorreu a mudança do ponto inicial da ferrovia, que antes era Santo Antônio,para Porto Velho.

Um dos acionistas do grupo May, Jekyll & Randolph era Percival Farqhuar, que, por sua vez, demostrava grande interesse na construção da ferrovia. Portanto, mantinha contato com diversas partes do mundo, com o intuito de conseguir trabalhadores para a construção, Farqhuar estabeleceu um sistema de rodízio de operários, pois já tinha conhecimento da fragilidade dos trabalhadores em relação às condições inóspitas da região. Para manter o ritmo da construção, mês a mês chegava uma nova leva de trabalhadores que iria substituir os enfermos e os mortos. Diante das dificuldades de permanecer na região, a contratação de novos funcionários era conseguida mediante uma remuneração bastante elevada.

Em 1909, o governo brasileiro aprova o arrendamento da ferrovia à empresa Madeira-Mamoré Railway Company por um prazo de 60 anos a partir de 1912. A saga da construção da ferrovia».que iniciou-se-em 1872, teve o seu fim no dia 1° de agosto de 1912, com a inauguração do último trecho da ferrovia.

Trabalharam na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré aproximadamente 21.817 operários, provenientes de diversas nacionalidades. Faleceram um total de l .593 operários, sendo 631 brasileiros, 366 espanhóis, 208 antilhanos, 148 portugueses, 52 alemães, 29 italianos, 30 colombianos, 20 americanos e de diversas outras nacionalidades.



Doenças Tropicais

(grande obstáculo para a construção da ferrovia)



Os dirigentes e operários da construtora May, Jekyll & Randolph e da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré estavam instalados numa região de epidemia constante. As doenças tropicais que mais incomodavam eram a febre amarela, malária, beribéri (doença provocada por avitaminose), ancilostomíase, pneumonia, sarampo, hemoglobinúria (citada pêlos médicos norte-americano s de Black Water Fever) e impaludismo.

Logo nos primeiros meses de trabalho, foram dizimadas centenas de operários, surgindo a necessidade urgente de construir um hospital para tratar de doenças adquiridas na região. O empresário Percival Farqhuar viu que o seu milionário negócio iria ao fracasso se não providenciasse a instalação de uma infra-estrutura médico-hospitalar.

O Hospital da Candelária, construído em 1907, era um aglomerado de barracões de madeira com trezentos leitos, enfermaria e consultório. Doutor Shivers foi o primeiro médico da região. Ficou durante quatro meses no Hospital da Candelária e foi substituído pelo médico H. P. Belt. Em 1909, chega o Dr. Lovelace, que assume os serviços médicos no povoado de Porto Velho.

A divulgação na imprensa nacional e internacional referente às epidemias e mortes na região do Alto Madeira nas obras de construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré dificultou a contratação de novos operários para substituir os enfermos e os mortos, Espanha, Portugal e Itália impediram a saída de cidadãos de seus países com destino à obra desta ferrovia. Em 1910, o conceituado médico sanitarista Osvaldo Cruz chega a Porto Velho juntamente com o colega doutor Belizário Pena, contratados pela construtora da ferrovia. Nesse período, o Hospital da Candelária era constituído de quinze edificações divididas em residências de médicos, enfermeiros e centro cirúrgico. Trabalhavam onze médicos, três deles posteriormente faleceram também de doenças tropicais.

Osvaldo Cruz, em seu relatório, elogia as excelentes instalações do Hospital da Candelária, construído em plena Selva Amazônica. O primeiro relatório médico da região foi elaborado pelo médico norte americano Dr. H. P. Belt em 1907. Ele possuía larga experiência em doenças tropicais e, em seu relatório, cita que a região era uma das mais doentias do mundo,



Influência da Ferrovia

no Desenvolvimento Regional



A construção da Estrada de Ferro Madeira- Mamoré foi de suma importância para o desenvolvimento do vale do Madeira. Nesta região, até 1907, existia somente um pequeno povoado denominado Santo António do Rio Madeira, localizado na primeira cachoeira do rio Madeira, no sentido de quem sobe.

Com a construção da ferrovia, surge o povoado de Porto Velho, que se formou a partir de construções de residências de operários da construtora da estrada de ferro. Em 1907, chegaram à localidade de Porto Velho 446 operários, em 1908, foram 2.450 e, em 1909,4.500 trabalhadores. Para atender estes operários com mercadorias e diversões, foram se instalando os mascates e comerciantes do lado de fora do muro que demarcava os domínios da construtora.

Com o término da obra, surge no ponto final da ferrovia o povoado de Esperidião Marques, atualmente, cidade de Guarajá-Mirim,

Porto Velho e Guajará-Mirim foram os primeiros núcleos de povoamento a se desenvolver na região, esclusivamente por serem os pontos inicial e final da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Em Guajará-Mirim era onde se atracavam os barcos carregados de borracha procedentes do vale do Guaporé e Mamoré, tanto dos afluentes do lado brasileiro como também do lado boliviano. Ao longo da ferrovia, surgem os povoados de Jaci-Paraná, Mutum-Paraná, Abunã, Iata e Vila Murtinho, onde se localizavam estações da estrada de ferro, pontos de abastecimento dos trens (lenha e água). Ao lado da estação, foram construídas casas de operários e barracões para a compra de látex e venda de mercadorias. Estes povoados poucos se desenvolveram.



Desativação da Ferrovia



Os tempos áureos da ferrovia não foram tão duradouros, visto que, dois anos após a inauguração, a Madeira-Mamoré passou a trabalhar com déficit ocasionado pela queda de preço da borracha nos mercados nacional e internacional. Este problema teve uma sensível melhora quando os administradores da Madeira-Mamoré Railway Company chegaram a acreditar que iriam vencer os problemas gerados pela desvalorização do preço da borracha no mercado internacional.

No entanto, com a recessão de 1929, ocasionada pela quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, vai abaixo qualquer esperança de vencer a crise da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.

A partir de então, iniciou-se o enxugamento da folha de pagamento, bem como a paralisação da ferrovia, o que gerou protestos por parte dos trabalhadores e do governo.

Por causa das dificuldades, a Madeira-Mamoré Railway Company solicita a rescisão do contrato de arrendamento, sob a alegação de não ter condições de dar continuidade à administração da ferrovia. Assim,no dia 10 de julho de 1931, o presidente Getúlio Vargas, pelo Decreto Lei n° 20.200, decretou intervenção na adminisatração da empresa Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e nomeou Aluízio Pinheiro Ferreira diretor da empresa ferroviária. No dia 5 de abril de 1937, pelo Decreto Lei n° 1547, declarou rescindido o

contrato firmado em 1909.

Um acordo realizado entre o Ministério da Viação e Obras Públicas com o Ministério da Guerra transferiu a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré para o 5° Batalhão de Engenharia e Construção (5° BEC), que havia recebido ordens para dar inicio à paralisação da ferrovia. O 5° BEC, por sua vez, demonstrou interesse em mantê-la funcionando, pois ela representava o único meio de transporte existente entre os dois maiores pólos urbanos da região (Porto Velho e Guajará-Mirim). Além do mais, serviria de apoio para a construção da rodovia BR-364, no trecho entre Porto Velho e Abunâ, e a BR-425, no trecho Abunã e Guajará-Mirim, que, a posteriori, iria substituí-la. Contudo, com o término da construção da rodovia, a ferrovia perde seu sentido

A desativação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré desencadeou uma série de consequências para o Território Federal de Rondônia, principalmente para Porto Velho e Guajará-Mirim^ pois o comércio dessas cidades tinham como mola propulsora os salários dos ferroviários, que era a maior fonte lucrativa para os comerciantes. Vale ressaltar que tais consequências também eram sentidas pelas vilas que haviam se desenvolvido ao longo da ferrovia.

Em 26 de maio de 1979, foi anunciada a venda do material da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré c, o que é pior, como material sucatcado. Tal anúncio desencadeou uma série de revolta na população porto-velhense e, principalmente, por partes dos ferroviários. Afinal, muitos deles haviam trabalhado na saga da construção da ferrovia e não poderiam admitir que após tantos sacrifícios ela fosse transformada em sucata. Com a intervenção do governador Jorge Teixeira, a retirada dos materiais chega ao fim, mas pouco foi feito para preservar o que restou.



Reativação da Ferrovia



No final de 1980, foi realizado um seminário sobre a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. O seminário tinha como objetivo ressaltar a importância da estrada de ferro para a região. Com o término do seminário, ocorreu a contratação da engenharia Antônia Teódulo Palitot para fazer um levantamento orçamentário para a recuperação da

E.F.M.M. Aqueles que presenciaram, sob revolta, a desativação da ferrovia em 1972, ficaram emocionados ao verem 5 de maio de 1981,a inauguração do trecho recuperado, entre Porto Velho e a cachoeira de Santo Antônio, uma extensão de 7 Km da ferrovia. Aquela Inauguração, bem como o trecho próximo a cidade de Guajará-Mirim,representaria somente a primeira etapa do projeto de reativação da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Este projeto, entretanto, não vingou, e hoje o trecho que fora reativado funciona periodicamente apenas para passeios turísticos.

A Estrada de Ferro MadeÍra-Mamoré teve sua construção iniciada em 1907 e foi inaugurada em 1° de agosto de 1912, com um percurso aproximado de 360 Km, que ligava as cidades de Porto Velho (então município do estado do Amazonas) e Guajará-Mirim (que pertencia ao estado de Mato Grosso), atualmente pertencentes ao estado de Rondônia. Ao longo da ferrovia surgiram os povoados de Jaci-Paraná, Mutum-Paraná, Abunã e lata. Essas Vilas pouco se desenvolveram e são distritos dos municípios de Porto Velho, sendo que lata pertence à Nova Mamoré.

Aos sábados e domingos, o trem Maria Fumaça realiza viagem entre a estação térrea de Porto Velho e a cachoeira de Santo António. É o mais atraente passeio turístico da região, porém, no período chuvoso de 2001, ocorreu o desmoronamento de um trecho durará muito tempo, já que se passaram três anos e ainda não foi recuperado.

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